História da Indústria Farmacêutica – O início
Para começar a contar a história da indústria farmacêutica é preciso contar primeiro como a ciência química possibilitou o surgimento de várias indústrias.
Indústria Química
No século XVIII a química como ciência saltou de descobertas arcaicas para uma ciência com significativos avanços e novas descobertas. Os principais químicos da época que contribuíram para o crescimento do conhecimento eram europeus (boa parte deles franceses, alemães e ingleses).
Um dos primeiros produtos químicos a ser produzido em grandes quantidades através de processo industrial foi o ácido sulfúrico. Em 1736, o farmacêutico londrino Joshua Ward desenvolveu um processo para a sua produção. Foi a primeira produção prática de ácido sulfúrico em grande escala. O ácido sulfúrico de grau farmacêutico é usado para produzir fármacos e pigmentos, prova da importância da indústria química e sua correlação com a indústria farmacêutica.
História da Indústria Farmacêutica – O início
A indústria farmacêutica moderna traça as suas raízes para duas fontes. A primeira delas eram boticas (espécie de farmácias da época) locais que expandiram a partir de seu papel tradicional distribuição de medicamentos botânicos como a morfina e quinino para fabricação no atacado em meados de 1800. A descoberta de medicamentos a partir de plantas começaram especialmente com o isolamento da morfina, analgésico e agente indutor de sono a partir do ópio, pelo assistente de farmacêutico alemão Friedrich Sertürner.Ele nomeou sua invenção de morphium, em homenagem ao deus grego do sono, Morfeu. Alguns anos depois, na França, a substância ganhou o nome universal de morphine.
A segunda, hoje laboratórios multinacionais, incluindo Merck, Hoffman-La Roche, Burroughs-Wellcome (agora parte da Glaxo Smith Kline), Abbott Laboratories, Eli Lilly and Upjohn (agora parte da Pfizer) começaram como boticas locais em meados de 1800. No final dos anos 1880, os fabricantes de corantes alemães haviam aperfeiçoado a purificação de compostos orgânicos individuais a partir de alcatrão de carvão e outras fontes de minerais e também tinha estabelecido métodos rudimentares na síntese química orgânica. O desenvolvimento de métodos químicos sintéticos permitiu aos cientistas sistematicamente variar a estrutura de substâncias químicas, e o crescimento da ciência emergente da farmacologia expandiu sua capacidade de avaliar os efeitos biológicos destas mudanças estruturais.
Um objetivo: adiar a morte
No final do século XIX havia uma conta que não fechava na Europa e Estados Unidos. Ambos desfrutavam de uma relativa estabilidade social e política, com uma população crescente, mas que não crescia em termos econômicos e expansão política pois a expectativa de vida era pequena e isso impossibilitava que seus povos pudessem gerar riquezas. Sem que o ser humano encontrasse um meio de adiar a própria morte, os níveis de crescimento econômico tenderiam a permanecer estáveis e, havendo mais gente para dividir uma quantidade constante de riqueza, em pouco tempo aquele aumento da natalidade tenderia novamente ao desaparecimento.
Aquela altura, a Química já era uma ciência bastante evoluída e que não cessava de apresentar avanços; o grande problema, entretanto, é que ainda não havia meios para se tornarem públicos os benefícios decorrentes daqueles avanços. Via de regra, as descobertas dos laboratórios ficavam confinadas apenas a quatro paredes, beneficiando apenas a vida de muito poucas pessoas – na verdade, a maioria dos medicamentos da época ainda era caseira e de fabricação artesanal, feita apenas para contribuir com o tratamento das enfermidades de familiares.
O surgimento dos comprimidos
Em 13 de março de 1877, a John Wyeth & Brother registrou nos EUA a patente da criação do comprimido. A invenção só foi possível graças a uma invenção anterior de 1843, cuja finalidade era fabricar minas de grafite de melhor qualidade. Ao saber da máquina, um funcionário da Wyeth imaginou que seria possível utilizá-la para dar forma aos remédios, tornando-os pequenos tabletes chamados de “compressed tablets”, que hoje conhecemos como comprimidos.
Oficialmente, a entrada em cena da máquina de Brockedon representou um grande divisor de águas e o marco inaugural da indústria farmacêutica mundial; foi, de fato, o ponto de partida para que os medicamentos pudessem ser produzidos em grande escala e amplamente distribuídos às pessoas. Pelo menos em princípio, foram resolvidos aqueles problemas mais imediatos relativos aos cuidados com a saúde e à necessidade de elevação da expectativa de vida da população.
No próximo post da série analisaremos mais detalhes da história da indústria farmacêutica e como ela se desenrolou ao longo dos anos.